Ação Antibullying
Houve a palestra proferida por Carla Corrêa
http://edhucalegre.ning.com/
(acima link para compartilhar perfil de Carla)
Durante a atividade interativa Carla solicitava
a intervenção dos/as alunos/as - abaixo uma
mostra do que foi produzido
Participaram as turmas: B 23, CP e C13 e os
professores Renato, Isabella, Marcia Losada,
Jussara, Giselle e Hiroxima
Foto feita por uma aluna durante a palestra
(infelizmente desfocada)
Sugestão para trabalho em sala de aula:
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI95467-15230,00.html
Abaixo pequeno vídeo da parte inicial feito
por uma aluna da turma B 23
Antes de vir à escola a Professora Carla Corrêa
nos forneceu farto material que foi repassado à
supervisão - ficando à disposição dos/as professores/as.
A Professora Giselle (Biblioteca) tem se envolvido
bastante - na Hora do Conto ou em outros momentos
da Biblioteca aproveitava para trabalhar o material
recebido ( textos e vídeos).
Como mostram as fotos abaixo de uma oficina
E também o do link que segue:
A turma foi a B23! Eles acharam super interessante, pois a Carla trouxe uns vídeos bem legais.
ResponderExcluirInfelizmente terminou tarde e não deu tempo dos alunos escreveram o que acharam ou entenderam do trabalho, mas segunda feira faremos isso!
Achei válida a iniciativa da escola. Entretanto, como já comentei com alguns colegas, gostaria de chamar a atenção para o perigo de se importar um conceito novo para um problema muito antigo, ou seja, a violência. O filósofo francês Michel Foucault enfoca essa questão dentro do que ele chama "relações de poder". Um perigo que ele levanta é quanto à nominalização ou categorização de um fenômeno social como este que vem sendo abordado, principalmente sobre casos que ocorrem nas escolas, já que o próprio conceito abrange casos para além dos muros das escolas. Quando se cria uma classificação como a de Bullying, corre-se um risco enorme de se apagar o rastro deixado por outras formas de abordar o problema e se passa a abordá-lo somente a partir desse novo ponto de vista. Por exemplo, pode-se enfocar demasiadamente as ações no sujeito que sofre e comete o ato de violência e esquecer-se do ponto de vista sóciocultural na discussão do fenômeno. Inclusive que ele não pode ser tratado aqui do mesmo modo como é tratado na Noruega, onde iniciaram-se as primeiras pesquisas, ou na Inglaterra ou nos EUA que têm realidades sociais, culturais e étnicas distintas da nossa. Outro perigo que me parece iminente diz respeito à culpabilização. Explico: ocorre que sempre que se fala, por exemplo, de educação inclusiva, como vimos na nossa última formação, direta ou indiretamente, se responsabiliza o professor pela malfadada concretização de tal projeto. Tanto é assim que as palestras tratam de tentar educar, formar, sensibilizar os professores e não se fala em recursos humanos e materiais, além de políticas efetivas para permitir o acesso e a permanência de alunos com necessidades educacionais especiais na escola. Sem falar em tantas outras necessidades básicas que os ditos "normais" também necessitariam e que não são cumpridas pelos governos. Assim, como tantas outras categorizações feitas sobre os sujeitos escolares já passaram a ser tratadas do ponto de vista médico, temo que a de Bulling também venha a recair no mesmo caso. Com isso, não só se passaria a medicar os sujeitos abúlicos, como também nós, professores, passaríamos a diagnosticá-los, como já ocorre com os que se enquadram na categoria dos hiperativos ou dos deprimidos, já que faltam profissionais especializados para as funções de médico, psicólogo, entre outras tantas necessárias para complementar o trabalho dos docentes.
ResponderExcluirEm primeiro lugar, parabéns por todas as atividades!!! Adoro espiar a escola daqui de longe e ver o quanto a gurizada está crescendo (LINDOS/AS) e o trabalho evoluindo.
ResponderExcluirDepois, adorei o comentário do Renato. Concordo em gênero, número e grau.(aliás, fiquei com uma invejinha de não ter conseguido articular tão bem como ele, pois tinha essas idéias difusas na minha cabeça há algum tempo...) Inclusive posso dizer que a medicalização já está começando, existem pesquisas associando bullying a questões neurológicas (ora, o que não é neurológico em nós, seres integrais?) e a indústria farmaceutica deve estar de olho no novo filão... Além disso, sempre me pareceu que a pedagogia, e a escola por extensão sofrem muito com os modismos por não aprofundarem o pensamento ou se recusarem a ter um próprio. Por outro lado, essa não é característica da nossa escola, o que me tranquiliza. Aposto que não tratamos o bullying como esse fenômeno isolado e importado, mas dentro dos eixos em que pautamos nossa prática e que não se furtam à análise sociológica e filosófica de nenhum tema. Bullying é violência, que tem sua raiz no preconceito e na dificuldade de lidar com as diferenças de todos/a nós. Não é esse trabalho que já vimos desenvolvendo em todas as salas de aula, nos grupos de protagonismo juvenil, no cidade-escola, no refeitório, no recreio, na biblioteca, no laboratório, com as tribos, enfim, em todos os nossos espaços, com a qualidade de que dispomos?
Mas é preciso sim ressaltar esse aspecto e trazer o problema para seu contexto específico, amadurecendo a reflexão e cobrando ações efetivas dos canais competentes. Por isso, te pregunto, Renato, posso usar teu texto pra refletir com outras/os colegas?
Abraço,
Melissa
Cristina que coisa boa que o debate continua...
ResponderExcluirTentei postar algumas ideias mas não consegui. Repasso se puderes anexar ao blog agradeceria:
Renato, Melissa, Hiroxima e demais colegas da EMEF Mário Quintana. Com muito prazer vejo o debate sobre o bullying, cyberbullying e a violência escolar se estender para além da oficinação.
De fato, como coloca o Renato, nem o bullying e nem as outras violências escolares são um fenômeno novo e jamais poderíamos resumir toda a violência que perpassa a escola dentro de um único conceito. É necessário iniciar esclarecendo o que é a violência escolar. A violência escolar é qualquer tipo de violência que se dá em contextos escolares. Pode ser dirigida aos alunos e alunas, as pessoas que trabalham na escola ( Professores, professoras, funcionários etc...) ou propriedades. Essa violência tem lugar nas instalações escolares (sala de aula, Pátio, banheiros, etc...) Pode estar inclusive inserida no currículo oculto ou no currículo inexistente. Toda vez que uma escola não aborda temas como a discriminação ou o preconceito ela acaba colaborando com a violência, por exemplo. E, como lembra a Melissa, toda a reflexão produzida com os alunos e alunas como a semana da consciência negra educam para o respeito as diferenças. A diversidade na escola passa a ser percebida como um valor que torna o espaço escolar um exercício de democracia.
E, ao contrário, toda vez que não oferece um clima escolar seguro ela corrobora com uma convivência violenta. Em muitos países, inclusive, também as violências nos arredores da escola e aquelas acontecidas em atividades extraescolares, desde que envolvam os sujeitos da escola, tem sido conceituadas como violência escolar. Um aluno que é agredido por colegas em um ônibus escolar sofreu uma violência escolar. Um carro de um professor que é riscado por um aluno em frente a calçada da escola é considerado uma violência escolar.
E, na maioria dos casos, o Cyberbullying que continua agredindo, ameaçando e intimidando suas vítimas, em casa, inicia no bullying na escola e é entendido como violência escolar apesar de estar sendo realizado fora do espaço físico da escola. Esse conceito antes de ser estático está em constante movimento. Novas violências, a cada ano, fazem parte da escola como o “chocking game”, brincadeira violenta praticada na escola, que já tirou a vida de inúmeros jovens e que aqui em nosso país ainda é invisibilizada apesar de praticada. E é lógico que em cada país adquirem diferentes características vide a brincadeira das pulseiras coloridas nas escolas que acabaram com a venda proibida em algumas cidades brasileiras. A escola reproduz as relações da sociedade em que está inserida. A escola é um espaço de relações que pode contribuir tanto para a manutenção como para a transformação social.
O bullying é apenas uma das violências praticadas na escola que precisa ser encarado com atenção e seriedade como as demias violências.
O termo bullying ou acoso escolar (sem tradução em português) está relacionado a um comportamento repetitivo de intimidação cuja conseqüência é o isolamento e a exclusão social da vítima. Logo não pode e não deve ser confundido com outras violências que acontecem na escola como, por exemplo, aquela entre alunos e professores ou entre pais e professores etc...
Falamos de bullying quando se cumprem ao menos 3 dos seguintes critérios:
- a vítima se sente intimidada
- a vítima se sente excluída
- a vítima percebe o agressor como o mais forte ( e esse mais forte não precisa ser, necessariamente, fisicamente)
- as agressões são cada vez de maior intensidade etc.
(continua no próximo comentário)
...continuação
ResponderExcluirAinda, é importante lembrar que na maioria dos casos essa agressão vem acompanhada de uma lei do silêncio. E contra essa lei do silêncio temos que dirigir nossos melhores e maiores esforços. Bullying não é brincadeira. Nenhuma brincadeira pode machucar e magoar.
O bullying e o cyberbullying, como mostram as pesquisas, são o tipo de violência escolar que mais atinge os alunos e alunas sejam eles agressores, vítimas ou espectadores.
A educadora Cleo Fante, especialista no assunto classifica o bullying como “ Conjunto de comportamentos agressivos intencionais e repetitivos, adotados por um ou mais alunos contra outro(s), sem motivação evidente, causando dor, angústia e sofrimento, executados em uma relação desigual de poder, o que possibilita a vitimização”.
Ao se abordar ou estudar um fenômeno como este ele só poderá ser visto (tem sido visto pelos grandes especialistas que estão a frente dos observatórios de violência escolar em todo o mundo) através do modelo ecológico de Brofenbrenner. O indivíduo é um ser em interação como diversos sistemas. E por esse motivo susceptível a fatores de risco e proteção.
Fatores de risco e fatores de proteção ( pessoais, familiares, escolares, sociais e culturais) cuja presença aumentam ou diminuem a probabilidade que se produza um determinado fenômeno. Características que colocam o sujeito seja ele agressor ou vítima em posição de vulnerabilidade ou proteção frente as condutas a atitudes violentas na escola etc...
Felizmente, toda a vez que um fenômeno como a violência escolar passa a ser visto também como um problema de responsabilidade da escola os fatores de proteção aumentam significativamente.
Planos de convivência que incluem uma educação emocional para alunos/as, professores/as e família tem conseguido diminuir a violência escolar. E, embora a generalização ou invisibilização da violência, vemos que está na educação a possibilidade de humanizar, resgatando em cada um de nós o nosso melhor. Para que possamos reconhecer o outro como legítimo que como nós merece viver com dignidade. Precisamos que cada um assuma a sua responsabilidade na construção dessa cultura de paz. Cultura que deve fazer parte da vida de todos e todas sem exceção. Temos que ressuscitar o diálogo para que possamos aprender a resolver conflitos de uma maneira não violenta. Usar os conflitos para nosso crescimento. Reacender a autoridade do/a professor/a valorizando e respeitando aquele/la que também é responsável pela socialização. Temos, sobretudo, o direito a educação. E como colocava Freire educar é uma obra de arte.
O educador “refaz o mundo, redesenha o mundo, repinta o mundo, reencanta o mundo...”
Um abraço e estou a disposição para outras reflexões, principalmente, se forem para construir caminhos de paz. Carla Corrêa
Entrevista com Paulo Freire:
(http://www.youtube.com/watch?v=zwri7pO8UHU&feature=related)
Melissa, fico feliz por teu envolvimento na discussão. Acabei que escrever um bom tanto sobre a questão que poderia te ajudar na tua empreitada. Acontece que quando fui me logar, deu problema e perdi tudo. Pena! Mas o que já escrevi podes usar certamente, será um prazer ajudar-te. Saludos, Renato.
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